O sonho de um vizinho fez nascer a conexão entre um jovem jogador de Assu, no interior do Rio Grande do Norte, e o ex-volante Juan Sebastián Verón. Gabriel, atacante camisa 7 da seleção brasileira sub-17, leva o nome do ídolo argentino às costas e na carteira de identidade por um pedido inusitado de um amigo da família. E agora carrega tal peso com a leveza de quem sabe que se destacou muito na estreia do Mundial, contra o Canadá.
“Acho que ele (Verón) ficaria orgulhoso. Acho que consegui desempenhar o futebol que venho trabalhando e acho que eu honrei o nosso nome”, diz Gabriel Veron, sem acento no ‘o’.
A louca relação de seu nome com o pedido do vizinho tem explicação. O fã de Verón sempre quis ter um filho homem. Teve três filhas. Quando a mãe de Gabriel, Gracielly Silva, engravidou, ele não hesitou: pediu aos pais da criança para que seu desejo fosse realizado.
Assim o atacante do Palmeiras e da seleção brasileira sub-17 ganhou o nome do ex-jogador do Manchester United, Inter de Milão e Estudiantes. E agora, com 17 anos, diz que gosta da homenagem, embora seus arranques e dribles rápidos sejam diferentes da técnica e passes refinados do argentino que tem o nome original.
– Gosto muito. Vou honrar como ele honrou. Já vi vídeos, no Youtube, mas nunca consegui ver ao vivo. Era muito bom jogador – comentou o jovem atacante.
Mas para levar o nome Veron à camisa 7 da seleção brasileira levou um tempo. O jovem precisou ser encorajado pela família, especialmente pela mãe e tios, a acreditar que tinha chance no futebol. Seu desejo mesmo era ter a carreira do pai: vaqueiro.
– É a vida do meu pai. Ele é vaqueiro. Ele cuida de vaca, cavalo, ele trabalha na roça. Tentei ser vaqueiro junto com ele, só que nunca consegui. Minha mãe sempre me apoiava a vida no futebol, porque tem mais futuro, né? Com certeza. Fui tentar ser jogador e agora estou aí, na luta – comenta o versátil Veron.
Ano mágico
Gabriel está no Palmeira desde 2017. Era do Santa Cruz de Natal. Em 2018, assinou seu primeiro contrato profissional com o Alviverde e tem multa rescisória de € 60 milhões (R$ 266 milhões, na cotação atual.
Mesmo com 15 anos, foi artilheiro e melhor jogador do Mundial de Clubes Sub-17 do ano passado, com nove gols em seis jogos. Neste ano, conquistou novamente o torneio com o Alviverde. Foi campeão das Copas do Brasil Sub-20, no primeiro semestre, e Sub-17, no início deste mês, com dois gols nas finais contra o São Paulo.
Diante do Canadá, infernizou a defesa dos adversários tabelando com Yan e com suas arrancadas e dribles pelo lado direito. Fez o quarto gol e participou do primeiro com uma linda jogada para dar o passe de Peglow (veja no vídeo acima). Aliás, ele mesmo reconhece que o gol foi quase todo seu.
– Eu só falei: ‘faz e me abraça’. Mas acho que é o trabalho de toda a equipe, que a gente vem trabalhando toda a temporada. É meu, dele, toda a equipe – brincou o jovem atacante.
Tanta força, disposição e velocidade o fez ganhar nova alcunha na seleção brasileira: o Raio.
– Todos começaram a me chamar assim, porque quando eu colocava na frente de um jogador ninguém conseguia me parar, me pegar. E colocaram esse apelido por causa da minha velocidade.
GV7
Não é por acaso que a camisa 7 é usada no Palmeiras e na seleção brasileira. Cristiano Ronaldo é a referência de Veron. Não só na escolha do número que usar. Mas também na hora de fazer suas escolhas em campo.
– Ele sempre busca fazer o melhor dele e bater os próprios recordes. Acho que sim (têm estilos parecidos). De força, sempre buscar o melhor, fazer os gols – comentou Gabriel.
fonte: globo.com